domingo, 15 de junho de 2008

STFU (ou "A Saga dos Self-Pitiers")

Este é um texto por encomenda/recomendação. Obviamente baseia-se em pessoas que conheço, e penso que se essas pessoas alguma vez lerem isto reconhecer-se-ão de imediato, mas também, como não é nada que eu nunca lhes tenha dito, não deve haver grande problema.

Então, há vários tipos de pessoas: os cómicos, os chatos, os crânios,... Sem querer criar qualquer tipo de esteriótipos, penso que todos nós temos vários tipos de pessoa no nosso grupo de conhecimentos. Este paleio todo para chegar aonde? Ao grupo de pessoas aos quais eu chamo de auto-imoladores ou, indo "pedir emprestada" uma expressão inglesa que provavelmente não existe, de self-pitiers.

Este é um grupo de pessoas com os quais normalmente me dou muito bem (como aliás me dou com a maioria dos "grupos") mas que são provavelmente também os que me irritam mais. Isto porque têm os seus momentos baixos. Não é propriamente por os terem que me irritam, porque é sabido que todos nós temos dias não. É o que está por detrás desses momentos baixos. Podemos dizer que os seus motivos são tipicamente "emos" (embora eu prefira não usar nenhuma "alcunha" que não da minha autoria, sob o risco de insultar erradamente alguém), do género "Uh a minha vida é uma porcaria, os meus pais não me compram o que eu quero, vou-me cortar." ou "Uh a minha vida é uma porcaria porque ninguém gosta de mim, vou-me sentar a um canto a chorar e escrever poemas sobre suicídio." ou alguma variante das frases anteriores.

Ora, este tipo de observação deixam-me com aquilo a que se chama um ataque de caspa nas unhas dos pés, porque mostra um grau completamente extremo de falta tanto de perspectiva como de sensibilidade. De perspectiva porque lhes falta o tacto para perceberem que os seus problemas são insignificantes quando comparados com os de outras pessoas, e nem estou a falar dos meninos de África que nasceram seropositivos e cuja mãe morreu quando eles tinham 6 meses. Basta olharem para o vizinho do lado para se depararem com problemas bem mais graves. Falta-lhes também sensibilidade porque dizem que querem morrer ou sofrer fisicamente para atenuar a dor psicológica causada pelos seus pseudo-dramas pessoais. Para mim, o facto de descartarem algo como a vida ou a integridade física como se nada fossem, tudo por causa de problemazitos facilmente ultrapassáveis, só me faz mais impressão, porque mostra uma ignorância tal quanto ao mundo que os rodeia...

Se calhar estou a ser bruta demais ou assim, mas quando me vêm com estas lamúrias de cachorrinho abandonado só me apetece gritar-lhes "Shut the fuck up!". Para mim, os seus problemas são facilmente resolúveis. Eles que peguem nos seus pezinhos e que se desloquem a clínicas gratuitas ou ao IPO (Instituto Português de Oncologia) e vejam pessoas que, apesar de saberem que provavelmente vão ter uma vida miserável e/ou dolorosa e curta, ainda sorriem e aproveitam a vida enquanto podem. Talvez aí ganhem a perspectiva de que tanto precisam. Se isso não funcionar há sempre a canção "Everybody Hurts" dos REM, para perceberem que não estão sozinhos no meio de tanto sofrimento.

Peace out!
blog comments powered by Disqus