quinta-feira, 5 de junho de 2008

Agora Aqui



Na terça-feira, dia 3 de Junho de 2008, fui assistir a uma conferência/festa/comício organizada por Manuel Alegre e pelo Bloco de Esquerda. No seu apelo, Alegre urgia às esquerdas do país para se unirem e "quebrarem o tabu de que as esquerdas não se podem reunir". Devo dizer que a dita conferência "Agora Aqui", que teve como oradores Manuel Alegre, Isabel Allegro Magalhães e José Soeiro, foi verdadeiramente apaixonante. Ver a energia de perto de 1000 pessoas que encheram o Teatro da Trindade, a sala do Espaço Chiado e a Rua Nova da Trindade, ver toda aquela força de vontade, aquele desejo profundo de mudar, foi um momento emocionante. Conhecendo o povo que normalmente se queixa muito mas não mostra capacidade de alterar para melhor as coisas, fiquei surpreendida com a afluência deste evento. Também fiquei inspirada nessa noite, não sei porquê, fiquei com uma vontade de me tornar militante, activista, qualquer coisa que mude este país e fiquei com a impressão (se calhar idealista) de que se pode mesmo fazer a diferença com pouca gente. Foi assim talvez um espírito de Abril que me invadiu, mas fiquei com uma ânsia de escrever o meu próprio pseudo-discurso, à semelhança dos verdadeiros discursos que ouvi nessa noite.

É verdade que não se liga à política tanto quanto se devia ligar. Eu própria também só comecei a tomar algum interesse (e é certo que este interesse tem os seus momentos altos e baixos) neste assunto quando comecei a pensar de um modo crítico no mundo que me rodeava. Estava descontente com tudo e mais alguma coisa, com o estado da economia, da saúde e, principalmente, da educação. De quem era a culpa? Bem sei que vai parecer um cliché, mas a verdade é que grande parte da culpa pode ser atribuída ao Governo. Não ao de Sócrates em particular, mas já la vai um tempinho desde que há alguma medida positiva neste santo país. Depois apareceu a discussão do Acordo Ortográfico. Aí é que eu descobri o meu verdadeiro potencial político, em discussões acesas com qualquer um que ousasse concordar minimamente com o Acordo. Foi giro discutir todos os dias, argumentar a torto e a direito, deu-me assim uma espécie de "rush". Fiquei assim meia-viciada em debates, discussões argumentativas.

Passei a interessar-me mais por pontos de vista políticos, e às tantas já chateava os meus amigos por quase só falar de questões políticas. Não peço a ninguém para ter tanta paixão no assunto como eu (apesar de eu considerar que a minha "paixão" pela política não é nada por aí além, até porque sou praticamente analfabeta em certas áreas deste tema), mas é necessário que haja uma participação activa da população para "andar com isto para a frente". Quando falo com os meus amigos, na maioria respondem "Para que é que isso interessa? Isto não vai mudar de uma forma ou de outra...". Se toda a gente pensar assim é que nada acontece. Se fosse essa a filosofia dos responsáveis pelo 25 de Abril, provavelmente ainda estaríamos a ser presos pela PIDE ao mínimo de opinião própria que mostrássemos. Por isso é que eu acho que vale a pena aos jovens interessarem-se pela política, não interessa se é de esquerda ou de direita. Um diálogo aberto é aquilo que pode eventualmente mudar aquilo que achamos que está errado.

And that's my 50 cents sobre este assunto.

Peace out!
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