quinta-feira, 26 de junho de 2008

Cinemas e quejandos

Tenho aproveitado as minhas férias para fazer o meu update cinematográfico, visto que com as confusões escolares andava um bocado fora de tudo isso. Também é por causa disso que ando a escrever menos... Ando fora de casa e tal; tenho mais diversões... Bem, mas voltando ao que interessa, na última semana fui ver alguns filmes ao cinema, entre os quais Lars e o Verdadeiro Amor, A Ronda da Noite e O Acontecimento. Gostei de todos, são todos de estilos completamente diferentes, mas há dois que têm mais em comum um com o outro do que o terceiro. Tanto Lars como A Ronda da Noite são filmes menos conhecidos que, apesar de terem grandes nomes tanto de actores como de realizadores no projecto, são produzidos por produtoras mais pequenas, menos famosas. Já O Acontecimento é claramente um blockbuster (mas giro na mesma).


Mas pronto, passando à frente das formalidades, os dois primeiros fui vê-los ao Alvaláxia à noite, e já estavam em salas pequeninas, daquelas que estão escondidas depois de subirmos uns degraus e virarmos nuns corredores ocultos e vazios, que poderiam bem ser palco de um daqueles filmezinhos de terror reles. Entrei na sala (mesmo mínima, por sinal) e fui sentar-me no meu lugare preferido: última fila, ao meio. Tinha entrado mais ou menos dez minutos antes do filme começar, e fiquei à espera, a comer os meus nachos, até que começaram os trailers. Dá um trailer, dois trailers, publicidade, mais um trailer e ninguém aparece. O filme começa e a sala está vazia, exceptuando na última fila ao meio. Um funcionário olha discretamente para dentro da sala para ver se estava lá mesmo alguém e depois fecha a porta e fico eu comigo mesma e com os meus nachos a ver um filme numa sala perdida do Alvaláxia.

Os cinemas em si até nem estavam vazios, havia muita gente na fila para comprar bilhetes. Mas, depois de ver estes dois filmes por minha conta, percebi que toda a gente tinha ido ver o Sexo e a Cidade ou O Homem de Ferro. Não que eu tenha algo contra esses filmes, atenção, mas duas sexta-feiras à noite, num cinema movimentado, dou por mim sozinha a ver filmes bons? Não sei, mas parece que me falha qualquer coisa. Pelo que consta, o Sexo e a Cidade é mau, fútil, sem história, e O Homem de Ferro é daqueles filmes que se vê, se gosta mas que não obrigam a mais qualquer trabalho sem ser o dos olhos. Na minha opinião, tanto Lars e o Verdadeiro Amor como A Ronda da Noite são filmes melhores do que os mencionados anteriormente (e não, não me estou a querer armar em pseudo-intelectual, porque como já disse antes, não tenho nada contra esses filmes, só que são piores cinematograficamente falando, e acho que ninguém o nega), mas no entanto ninguém os conhece e ninguém os quer ver. Se calhar é mania minha, mas gostava de saber que mais do que uma pessoa se interessa por este tipo de filmes (leia-se "independente"). E pronto, lá foi mais um desabafo-crítica sobre as coisas que me acontecem.

Peace out!

domingo, 22 de junho de 2008

Summer vacations rule!

Desculpem-me esta ausência de 4 diazinhos, mas têm que me dar o desconto: dia 18 e 19 foi matar-me a estudar para o exame, dia 20 foi o dito cujo e dia 21 tirei o dia para espairecer, e começar a aproveitar as minhas férias "a sério". A sério porque, apesar de já não ter aulas desde o dia 6, até sexta-feira tudo me era interdito, a não ser que tivesse a ver com Físico-Química. A minha sorte é que esteve um tempo assim para o mauzote no período de estudo e que agora que estou livre, está um tempo que me pede mesmo para me ir pôr na praia todo o santo dia. O que é capaz de ser giro durante, digamos, duas semanas. Depois, começa o pessoal a sair da cidade... E às tantas estou farta das férias. Mas essa "fartura" é sol de pouca dura. Porque quando sair de Lisboa é para me divertir À BRAVA.

Vou rever pessoas que já não vejo há um ano, reencontrar-me com rapazes que não são nada feios (não vou "nomear nomes" mas só digo que esses dois rapazes também podiam fazer parte da minha divagação sobre o homem perfeito), vou para o estrangeiro sem pais (R to the A to the V to the E!!!)... Só vantagens! As férias de Verão são sempre os meses que me tornam mais feliz: o bom tempo, a liberdade, as duas mil e uma paixonetas... Daí concluo:

SUMMER VACATIONS RULE!

Peace out!

terça-feira, 17 de junho de 2008

Finalmente...

... após meses de planeamento mental, de filmagens de cenas ao acaso, de ouvir a música vezes e vezes sem conta para perceber o sentimento que ela me causava, consegui acabar ontem, às 22h, depois de oito horas de trabalho num editor de vídeo com o qual não sabia funcionar (visto que usei o VideoSpin da Pinnacle e não o Windows Movie Maker), o meu primeiro filme realizado, filmado e pensado inteiramente par moi: um vídeo ao som da música "Postcards from Italy" dos Beirut. Já sei, é a segunda vez que eu falo dos Beirut neste blog, mas a verdade é que eu adoro a banda, e esta música se não é genial está lá muito perto. De maneira que esta é uma desculpa para a ouvirem. Hehe. Enjoy!

PS - se por alguma razão este vídeo não funcionar, está no Youtube em http://youtube.com/watch?v=2cQsuc2Mmsc.

Peace out!

E aparentemente não funciona, portanto youtube away!

segunda-feira, 16 de junho de 2008

Nenhuma estreia digna de nota?

O texto de hoje é mais uma partilha de factos engraçados que me acontecem o que vejo acontecer no meu dia-a-dia. Aliás, como mais ou menos sempre foi. Bem, passando à frente. Neste sábado, mal vim de Espanha, fui ao site do Cinecartaz, ver se havia alguma coisa de jeito para ver nas salas lisboetas (já que tinha passado 4 dias a ver "Friends" e "House, M.D." dobrados em castelhano), e qual não é o meu espanto quando me deparo com a seguinte imagem:

Achei extremamente irónico, visto que normalmente as "estreias da semana" escolhidas pelo Cinecartaz são no mínimo questionáveis. Não me lembro de nenhuma em particular, mas lembro-me do facto de achar que o Público andava com muito mau gosto. Então, esta semana estreou "O Incrível Hulk" e eles não o destacam? Está bem, não é o melhor filme do ano, mas tem uma série de actores conceituados, como Edward Norton (Dragão Vermelho, etc.) e Liv Tyler (O Senhor dos Anéis I, II e III). De maneira que achei que era uma tentativa de se tentarem fazer de neo-intelectuais e ignorarem um blockbuster que, ao que consta, não é mau de todo.

E por hoje é só.

Peace out!

Uma pequena edição de última hora. Aparentemente, decidiram alterar a estreia da semana de "Nenhuma estreia digna de nota" para "O Acontecimento" de M. Night Shyamalan. Consta que é um filme decente, ainda vou ter que o ver, mas a premissa agrada-me e muito. Mais informações sobre este filme podem ser encontradas no site do Cinecartaz (cujo link está mais acima neste post) ou em http://www.imdb.com/title/tt0949731/.

Agora sim, peace out!

domingo, 15 de junho de 2008

STFU (ou "A Saga dos Self-Pitiers")

Este é um texto por encomenda/recomendação. Obviamente baseia-se em pessoas que conheço, e penso que se essas pessoas alguma vez lerem isto reconhecer-se-ão de imediato, mas também, como não é nada que eu nunca lhes tenha dito, não deve haver grande problema.

Então, há vários tipos de pessoas: os cómicos, os chatos, os crânios,... Sem querer criar qualquer tipo de esteriótipos, penso que todos nós temos vários tipos de pessoa no nosso grupo de conhecimentos. Este paleio todo para chegar aonde? Ao grupo de pessoas aos quais eu chamo de auto-imoladores ou, indo "pedir emprestada" uma expressão inglesa que provavelmente não existe, de self-pitiers.

Este é um grupo de pessoas com os quais normalmente me dou muito bem (como aliás me dou com a maioria dos "grupos") mas que são provavelmente também os que me irritam mais. Isto porque têm os seus momentos baixos. Não é propriamente por os terem que me irritam, porque é sabido que todos nós temos dias não. É o que está por detrás desses momentos baixos. Podemos dizer que os seus motivos são tipicamente "emos" (embora eu prefira não usar nenhuma "alcunha" que não da minha autoria, sob o risco de insultar erradamente alguém), do género "Uh a minha vida é uma porcaria, os meus pais não me compram o que eu quero, vou-me cortar." ou "Uh a minha vida é uma porcaria porque ninguém gosta de mim, vou-me sentar a um canto a chorar e escrever poemas sobre suicídio." ou alguma variante das frases anteriores.

Ora, este tipo de observação deixam-me com aquilo a que se chama um ataque de caspa nas unhas dos pés, porque mostra um grau completamente extremo de falta tanto de perspectiva como de sensibilidade. De perspectiva porque lhes falta o tacto para perceberem que os seus problemas são insignificantes quando comparados com os de outras pessoas, e nem estou a falar dos meninos de África que nasceram seropositivos e cuja mãe morreu quando eles tinham 6 meses. Basta olharem para o vizinho do lado para se depararem com problemas bem mais graves. Falta-lhes também sensibilidade porque dizem que querem morrer ou sofrer fisicamente para atenuar a dor psicológica causada pelos seus pseudo-dramas pessoais. Para mim, o facto de descartarem algo como a vida ou a integridade física como se nada fossem, tudo por causa de problemazitos facilmente ultrapassáveis, só me faz mais impressão, porque mostra uma ignorância tal quanto ao mundo que os rodeia...

Se calhar estou a ser bruta demais ou assim, mas quando me vêm com estas lamúrias de cachorrinho abandonado só me apetece gritar-lhes "Shut the fuck up!". Para mim, os seus problemas são facilmente resolúveis. Eles que peguem nos seus pezinhos e que se desloquem a clínicas gratuitas ou ao IPO (Instituto Português de Oncologia) e vejam pessoas que, apesar de saberem que provavelmente vão ter uma vida miserável e/ou dolorosa e curta, ainda sorriem e aproveitam a vida enquanto podem. Talvez aí ganhem a perspectiva de que tanto precisam. Se isso não funcionar há sempre a canção "Everybody Hurts" dos REM, para perceberem que não estão sozinhos no meio de tanto sofrimento.

Peace out!

sábado, 14 de junho de 2008

En tierras de nuestros vecinos

Desculpem este atraso de alguns dias, mas estive em vacaciones durante uns diazitos.

De 10 a 13 de Junho (a apanhar aqueles lindos feriados que tanto jeito nos dão), fui a Madrid, assim numa de turismo apressado. No dia em que cheguei, estive com amigos e colegas do meu pai que estavam no mesmo congresso que ele. Esses amigos vinham de praticamente toda a Europa: Espanha, Portugal, Itália, França, Bélgica, Roménia, …, e praticamente todos falavam comigo na sua língua materna (exceptuando obviamente os romenos) e eu respondia na sua língua também, mais ou menos macarrónica dependendo do idioma.

Bem podem imaginar que aquilo, depois de um longo dia de viagem e de me ter levantado às sete da manhã, não me caiu nada bem. Às tantas falava metade francês metade italiano com uma rapariga espanhola. Grande confusão centro linguístico do meu cérebro; estou a imaginar algo semelhante a um curto-circuito massivo ou um blackout nos meus neurónios.

Esquecendo os problemas linguísticos, no primeiro dia fui a Toledo, que era a antiga capital espanhola. Por acaso é uma cidade bonita com um tom medieval, mas na minha opinião fica bastante monótona depois de três horas de visita. Para não falar da hora de fila que apanhámos para lá chegar por causa da greve dos camionistas.

O segundo e terceiro dias decorreram na normalidade, museus del Prado e Thyssen-Bornemisza de manhã e passeios citadinos à tarde. Chegou o dia da partida. De manhã ainda fomos ao Caixa Fórum (uma espécie de CCB madrileno) ver uma exposição de Alphonse Mucha e às três da tarde fomos para o aeroporto, porque o voo do meu pai saía às 17h ou algo parecido. O meu saía às 21h25. São agora 22h, estou no aeroporto e o voo está “anunciado” para a meia-noite e oito (vejam o nível de pormenor!), mas já ouvi algumas funcionárias da Vueling a informarem alguns passageiros de que há um voo para Lisboa amanhã às seis da manhã.

Olho para a porta H3 (de onde deveria ter saído para Lisboa há cerca de 45 minutos) e vejo uma multidão de ibéricos furiosos a reclamarem com duas espanholitas que repetem vezes sem conta “no tenemos información”, e até agora só sabemos que não se sabe se o avião partiu de Milão (de onde chegaria a Lisboa e daí para Madrid e de volta a Lisboa) nem se o voo foi cancelado ou não.

Estão a chamar-nos para nos darem um voucher para comprar comida nos cafés e restaurantes do aeroporto. Não temos informações mas temos comida. Menos mal.

Peace out!

segunda-feira, 9 de junho de 2008

Trainspotting

Choose life. Choose a job. Choose a career. Choose a family. Choose a fucking big television, choose washing machines, cars, compact disc players and electrical tin openers. Choose good health, low cholesterol, and dental insurance. Choose fixed interest mortgage repayments. Choose a starter home. Choose your friends. (...) Choose your future. Choose life. But why would I want to do a thing like that? I choose not to choose life. I choose something else. And the reasons? There are no reasons. Who needs reasons when you've got heroin?

Começa assim o filme realizado em 1996 por Danny Boyle, "Trainspotting". É sobre um grupo de toxicodependentes que vivem em Edimburgo e sobre as suas tentativas de viverem uma vida "normal". Obviamente nem todos conseguem. Mas mais do que um filme sobre viciados em heroína, que nos oferece uma visão negra e deprimente (tal como acontece em tantos outros filmes sobre este estilo de coisas, como por exemplo "Candy"), "Trainspotting" vai mais longe. Mostra-nos tudo o que implica ser viciado em heroína. O que obviamente tem lados positivos e negativos. Acho que o facto de um filme com um tema destes estar classificado como Comedy no Alluc e no IMDb exprime toda a sua genialidade.

É um filme que nos ensina a viver. Quem de nós nunca se fartou da rotina, do trabalho, da família, de "escolher a vida"? "Trainspotting" mostra-nos, de uma forma extrema, que se calhar a rotina não é assim tão má. Mais do que isso, ensina-nos a olharmos à nossa volta e a vermos que estamos rodeados de más pessoas, mas sem nos tirar a esperança na raça humana nem nada desse género. Brinca com o sério e transmite com sucesso a mensagem. Para além do óbvio "Don't do drugs, kids!" que aliás nem está expresso por aí além neste filme, mostra-nos que quem sofre mais com as nossas "rebeldias" são os mais inocentes. Se calhar estou a analisar em demasiada profundidade o filme, mas isto foi o que ele me ensinou a mim.

É impossível classificar este filme sob uma categoria específica, visto que há de tudo um pouco e um pouco de tudo: comédia na cena inicial, drama na morte de Dawn, terror nas alucinações, surreal no mergulho na sanita... São só exemplos daquilo que considero que faz "Trainspotting" genial.

Assim numa nota mais técnica, este foi o filme que lançou o actor Ewan McGregor ("Star Wars" episódios I, II e III, "Moulin Rouge", "A Ilha") e o realizador Danny Boyle ("A Praia", "28 Dias Depois", "Sunshine - Missão Solar").

Resumindo, este é sem dúvida um filme a ver (até porque se encontra muito facilmente uma versão completa de alta qualidade no Google Videos, embora seja complicado perceber o "scottish accent" sem legendas), mas não é para aqueles que não gostam de agulhas a serem espetadas em veias durante um close-up e ainda menos para aqueles que têm fobia de bebés a gatinhar no tecto. Acreditem que a partir de agora eu tenho mesmo essa fobia.

Peace out!

domingo, 8 de junho de 2008

Idades

Acabei no dia 6 de Junho as minhas aulas. Já tenho as minhas notas e tudo o mais, só me falta um exame nacional para ser oficialmente uma aluna do 12º ano. É assustador pensar que para o ano já sou finalista. Lembro-me de há algum tempo atrás, tinha eu para aí uns 7 ou 8 anos, quando o meu irmão já andava no 12º ano. Olhava para ele e via um "grande", um adulto. Chegou a minha vez, e o que é que eu vejo? Uma quase-criança, que nem acredita que daqui a escassos meses já pode tirar a carta ou votar. Será que os mais novos me veêm como uma "grande"?

Aqui entra aquela espécie de ditado anglo-saxónico: "You're only as old as you feel.". Pois bem, eu sinto-me bem mais nova. Quando eu penso que estou a um ano de entrar na Universidade, até me caem os queixos. Não sei, não me vejo como uma estudante universitária num futuro tão próximo. Pareciam-me que ainda faltavam milhas, mas quando eu disse a alguém que ia passar para o 12º ano é que me apercebi da dimensão da coisa. E comecei a pensar que, dentro de menos de um ano, já sou adulta. Já posso ver filmes M/18, já posso viver sozinha, justificar as minhas próprias faltas, sair do país sem autorização dos pais... Parecem só vantagens, mas a verdade é que eu não me sinto com essa idade.

Acho que me sinto (apesar de isso ser altamente improvável) igual a quando tinha 13 anos. Não me sinto mais nem menos matura, nem com mais "experiência de vida". Mas, ao mesmo tempo, ao ler diários ou textos escritos quando tinha 13 anos, fico a pensar: "Wow, ainda bem que estou a anos-luz desta personagem.". Os anos passaram e eu nem dei por eles... E isto não é uma coisa má, porque "you're only as old as you feel". Bem sei que este post está assim meio coiso (à falta de melhor palavra), mas vaipes são vaipes e todos são dignos de serem escritos.

Peace out!

sábado, 7 de junho de 2008

O homem moderno/O homem perfeito

Hoje decidi escrever sobre uma coisa sobre a qual tenho tendência a pensar nos últimos tempos: qual é a verdadeira definição do homem moderno (e quando digo homem é mesmo ser humano do sexo masculino; é com esses que eu perco o meu tempo a pensar).

Para mim, há dois protótipos daquilo que representa o homem do início do século XXI. Obviamente há mais, mas vou-me focar no tipo de homens que poderia haver mais sem problema absolutamente nenhum.


Primeiro, o homem artístico e cultural. É tudo menos machista e racista e é contra tudo o que seja preconceito. Mas o que verdadeiramente caracteriza é o espírito aberto e criativo. Um exemplo deste tipo de homem é Zach Condon, vocalista e leading-man dos Beirut. Nasceu no Novo México, nos EUA e, ao contrário de qualquer mono que poderíamos esperar vindo desse grande país, desde cedo se interessou por outras culturas para além da sua. Isto levou-o a que saísse da escola aos 16 anos e decidisse empreender uma viagem pela Europa, onde conheceu novos tipos de música e de cultura. Autoeducou-se a cantar, tocar trompete, ukelele, guitarra e acordeão e tornou-se por mérito próprio numa verdadeira one-man band. Hoje em dia, com 21 anos, é conhecido mundialmente, embora (e felizmente) fora dos círculos mais mainstream.


Em segundo lugar, há o homem activo. Preocupa-se com tudo à sua volta, seja economia, política, cultura, ambiente, pobreza; you name it and the man likes it. Por isso, educa-se de modo a poder envolver-se em tudo no que se interessa. Ao contrário do primeiro homem, não é tão artístico ou criativo, mas aprecia grandemente as pessoas que o são. Um exemplo do homem activo é José Soeiro, o deputado mais jovem da Assembleia da República. Não sei ao certo a sua idade, mas sei que completou recentemente o curso de Sociologia na Universidade do Porto (cá está a educação virada para a sociedade). Participa em tudo o que é comício, debate, entrevista, escreve, fala, o homem faz tudo.


Agora que releio o que escrevi até agora, apercebo-me que provavelmente descrevi duas vezes o mesmo homem. A verdade é que ambos são multi-culturais, nada fraco no que toca aos sentimentos (basta ouvir uma ou duas músicas de Beirut para percebermos que há um homem sensível por detrás daquilo tudo), nada andróginos (ao contrário do nosso querido Bill), activos na sociedade, igualitários para com tudo e todos... Ah!, se todos os homens fossem assim, penso eu para comigo mesma no mesmo estado de espírito idealista que me assolou enquanto escrevia o meu primeiro post.


Mas não são. São muitas as vezes que ouço os rapazes da minha turma, e não só, a mandar as raparigas para a cozinha, e não me importaria com a brincadeira se não soubesse que, na verdade, cerca de metade deles não está a brincar. Mas bem, nem todos os homens podem ser "perfeitos", e até que conheça algum que se aproxime do tal protótipo, vou continuar a matutar no Zach Condon e no José Soeiro.


PS - Se houver inputs sobre a mulher moderna/perfeita, não hesitem em partilhar!


Peace out!

sexta-feira, 6 de junho de 2008

Rock in Rio

Só fui ao Rock in Rio no dia 1 de Junho, dia onde actuaram as Docemania, JustGirls e 4Taste, Xutos & Pontapés, Tokio Hotel, Joss Stone e Rod Stewart. Como podem imaginar, tentei evitar os concertos das "morangadas" entrando no recinto do festival quase às 18h. Mesmo assim ainda tive que ouvir (embora ao longe) alguns "hits" destas bandas de telenovela, o que não foi nada simpático para os meus ouvidos nem para o meu cérebro.

Passeámos um pouco pelo espaço, enquanto não chegava a vez dos Xutos. Finalmente os 4Taste abandonaram o Palco Mundo e os veteranos vieram tocar. Um concerto exemplar, como os Xutos nos habituaram mas, a meio do concerto, antes de cantarem "Fim do Mês", dedicam essa canção aos que trouxeram os filhos ao Rock in Rio para irem ver os Tokio Hotel. Mal o Tim pronuncia as palavras "Tokio Hotel", uma multidão de criancinhas frenéticas começa a guinchar como quem diz "Sim, sim, Xutos é muito giro, mas tirem os cotas do palco para eu ver finalmente o meu Bill!".

Okay, percebo o facto de porem os Tokio Hotel mais perto do cabeça de cartaz do que os Xutos (apesar de discordar desse facto): afinal os alemães, apesar de terem 18 anos, são bem mais conhecidos a nível mundial. Mas é o fenómeno que ao mesmo tempo me fascina e me faz impressão. Miúdas com não mais de 13 anos com cartazes na mão onde se lia "Bill, leva-me para o teu quarto.". Era ver toda uma multidão de pré-adolescentes a arrancarem cabelos e a chorar enquanto um rapaz andrógino contava com voz de quem ainda não entrou na puberdade. O cenário fez-me lembrar algumas fotografias que vi da época de auge dos Beatles. Com a diferença de que os Beatles eram, na minha opinião, bem melhores. Mas ao menos os Beatles eram adultos e quase de certeza que não havia crianças a mandarem-lhes peças de roupa interior.

Bem, passando à frente daquilo que é claramente uma falha na educação de vários jovens, para temas mais alegres. Seguiu-se então o concerto da Joss Stone (o meu favorito, se calhar por motivos de opinião pessoal). Como seria de esperar (mas que apesar disso me espantou e chocou um pouco), a plateia esvaziou bastante depois dos Tokio Hotel: tal como eu aproveitei o concerto destes para ir jantar, também os fãs dos alemães o fizeram mas com os concertos a seguir. A média das idades dos espectadores desse concerto subiu consideravelmente, e subiu ainda mais na transição entre Joss Stone e Rod Stewart, por motivos bastante óbvios. Devo dizer que o concerto do cabeça de cartaz foi excelente, energético e poderoso, e foi associado a ele que veio o momento alto da minha noite. Antes do espectáculo começar, vi uma rapariguinha com cerca de 11 anos a dizer ao pai que não queria ver o Rod Stewart, que era uma seca. O pai obrigou a filha a ficar e foi com muito gosto que a vi, no fim do concerto, completamente siderada e maravilhada pela magia que foi aquele espectáculo. Penso que é seguro dizer que nem tudo está perdido.

Peace out!

quinta-feira, 5 de junho de 2008

Agora Aqui



Na terça-feira, dia 3 de Junho de 2008, fui assistir a uma conferência/festa/comício organizada por Manuel Alegre e pelo Bloco de Esquerda. No seu apelo, Alegre urgia às esquerdas do país para se unirem e "quebrarem o tabu de que as esquerdas não se podem reunir". Devo dizer que a dita conferência "Agora Aqui", que teve como oradores Manuel Alegre, Isabel Allegro Magalhães e José Soeiro, foi verdadeiramente apaixonante. Ver a energia de perto de 1000 pessoas que encheram o Teatro da Trindade, a sala do Espaço Chiado e a Rua Nova da Trindade, ver toda aquela força de vontade, aquele desejo profundo de mudar, foi um momento emocionante. Conhecendo o povo que normalmente se queixa muito mas não mostra capacidade de alterar para melhor as coisas, fiquei surpreendida com a afluência deste evento. Também fiquei inspirada nessa noite, não sei porquê, fiquei com uma vontade de me tornar militante, activista, qualquer coisa que mude este país e fiquei com a impressão (se calhar idealista) de que se pode mesmo fazer a diferença com pouca gente. Foi assim talvez um espírito de Abril que me invadiu, mas fiquei com uma ânsia de escrever o meu próprio pseudo-discurso, à semelhança dos verdadeiros discursos que ouvi nessa noite.

É verdade que não se liga à política tanto quanto se devia ligar. Eu própria também só comecei a tomar algum interesse (e é certo que este interesse tem os seus momentos altos e baixos) neste assunto quando comecei a pensar de um modo crítico no mundo que me rodeava. Estava descontente com tudo e mais alguma coisa, com o estado da economia, da saúde e, principalmente, da educação. De quem era a culpa? Bem sei que vai parecer um cliché, mas a verdade é que grande parte da culpa pode ser atribuída ao Governo. Não ao de Sócrates em particular, mas já la vai um tempinho desde que há alguma medida positiva neste santo país. Depois apareceu a discussão do Acordo Ortográfico. Aí é que eu descobri o meu verdadeiro potencial político, em discussões acesas com qualquer um que ousasse concordar minimamente com o Acordo. Foi giro discutir todos os dias, argumentar a torto e a direito, deu-me assim uma espécie de "rush". Fiquei assim meia-viciada em debates, discussões argumentativas.

Passei a interessar-me mais por pontos de vista políticos, e às tantas já chateava os meus amigos por quase só falar de questões políticas. Não peço a ninguém para ter tanta paixão no assunto como eu (apesar de eu considerar que a minha "paixão" pela política não é nada por aí além, até porque sou praticamente analfabeta em certas áreas deste tema), mas é necessário que haja uma participação activa da população para "andar com isto para a frente". Quando falo com os meus amigos, na maioria respondem "Para que é que isso interessa? Isto não vai mudar de uma forma ou de outra...". Se toda a gente pensar assim é que nada acontece. Se fosse essa a filosofia dos responsáveis pelo 25 de Abril, provavelmente ainda estaríamos a ser presos pela PIDE ao mínimo de opinião própria que mostrássemos. Por isso é que eu acho que vale a pena aos jovens interessarem-se pela política, não interessa se é de esquerda ou de direita. Um diálogo aberto é aquilo que pode eventualmente mudar aquilo que achamos que está errado.

And that's my 50 cents sobre este assunto.

Peace out!