sábado, 6 de setembro de 2008

Uma Aventura... na Holanda - parte 3

Terceiro dia. Acordei cedo (para os meus parâmetros) e desta vez optei por um pequeno-almoço mais simples e tradicional: uma sanduíche com fiambre e um copinho de leite. Ah, pois, outra informação, aquele povo bebe leite como sei lá o quê! Leite ao pequeno-almoço, almoço, jantar, entre refeições... Não admira que me tenha sentido uma anã quando olhei em volta pela primeira vez. Gerações e gerações de viciados em leite dá no povo mais alto do mundo. Mas bem, depois de nos alimentarmos bem, preparámos umas quantas sanduíches para o caminho e seguimos viagem em direcção àquilo que eu pensava que era a capital da Holanda: Haia. Uma pequena (mas cara como o raio) viagem de comboio durante 73 km pelas paisagens neerlandesas, com campos verdes e vaquinhas logo ao lado das cidades. Aliás, foi ao entrar em Haia que tive uma visão engraçadíssima. Ao olhar pela janela da minha carruagem, vi um prado verdejante com vacas a pastar e, em segundo plano, o centro económico de Haia. Pitoresco, não? Foi também a caminho de Haia que eu vi... o meu primeiro moinho! Não o primeiro moinho da minha vida, mas o meu primeiro moinho tipicamente holandês. Campos de túlipas, isso já não vi durante a minha semana lá.

Chegámos a Haia com o tempo a prometer chuva, e mais uma vez, esquecemo-nos do guarda-chuva. Decidimos que a melhor forma de evitar ficarmos molhados era irmos aos museus. Então lá fomos nós, todos lampeiros, para o Panorama Mesdag. O Panorama Mesdag é um edifício que tem como a sua maior atracção (surpresa surpresa) um panorama pintado por Mesdag. Esse panorama tem mais de 14 metros de altura e representa a cidade de Haia em 1881. Não sei bem como é que aquilo funciona, mas lá que parece que estamos dentro da pintura, isso parece.

Almoçámos a seguir numa cadeia de pequenos restaurantes chamada "La Place" (comida ÓPTIMA e barata) e seguimos para um dos mais conhecidos, senão o mais conhecido, museu em Haia, a Mauritshuis, literalmente, a casa do Maurício. Esse museu fica perto das casas do Parlamento, que são uns edifícios mesmo ao estilo holandês (não sei se me faço entender) à beira da água. Lindos de se ver, mas não pude evitar questionar-me se os deputados e políticos em geral chegavam ao Parlamento de barco a remos, ou até talvez de gaivota. Lá me explicaram que não, que entravam por terra mas por outro sítio.

Mas pronto, fomos à tal Mauritshuis, onde há principalmente pintura flamenga. Estávamos nós a apreciar um dos auto-retratos de Rembrandt ("Auto-retrato como o Apóstolo Paulo") quando um homem de aspecto filipino pára mesmo ao nosso lado, olha atentamente para o quadro abanando a cabeça, dizendo que não, como quem desaprova de algo, como quem diz "Oh Rembrandt, Rembrandt... O que é que foste fazer desta vez...". Estranho, no mínimo.

Depois da Mauritshuis saímos e o tempo cada vez mais prometia chuva. Comprámos um guarda-chuva e começa imediatamente a chover. Sentámo-nos num parque em baixo do guarda-chuva, com a estação de comboios a 200 metros de nós, e começa a chover com mais e mais força. Decidimos que, se calhar, tomar abrigo na estação não seria pior ideia e fomos andando até lá no que, retrospectivamente, deve ter sido um espectáculo giro de se ver. Ora imaginem: uma rapariga de 1,65 m e um rapaz de 2 m. Se eu segurava o guarda-chuva, ele quase que se tinha de pôr de joelhos; se ele segurava o guarda-chuva, eu apanhava uma molha descomunal. Mas lá conseguimos chegar, nem sei bem como, sãos e salvos à estação. Comprei uns bombons da Leonidas, entrámos no comboio e fomos para casa.

Jantámos e a seguir fomos comer um gelado de bicicleta. Arranjar uma para mim também foi engraçada, porque até a bicicleta que pertencia ao rapaz quando ele tinha 14 anos era grande demais para mim. De maneira que tive que ir numa dobrável e meia manhosa, mas que era a única na qual eu cabia decentemente. Depois do gelado, voltámos para casa e ficámos o resto da tarde e um pouco da noite a aparvalhar e a ver "Weeds", enquanto comentávamos que comprar chupa-chupas de erva não seria uma má ideia (para aqueles que não sabem, na série Weeds há uma personagem chamada Doug que tem chupa-chupas de erva). Depois, ala que se faz tarde e que amanhã há que levantar cedo para ir para Amesterdão. Parece que vou contar esse dia noutro dia!

Peace out!
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