Chegámos a Haia com o tempo a prometer chuva, e mais uma vez, esquecemo-nos do guarda-chuva. Decidimos que a melhor forma de evitar ficarmos molhados era irmos aos museus. Então lá fomos nós, todos lampeiros, para o Panorama Mesdag. O Panorama Mesdag é um edifício que tem como a sua maior atracção (surpresa surpresa) um panorama pintado por Mesdag. Esse panorama tem mais de 14 metros de altura e representa a cidade de Haia em 1881. Não sei bem como é que aquilo funciona, mas lá que parece que estamos dentro da pintura, isso parece.
Almoçámos a seguir numa cadeia de pequenos restaurantes chamada "La Place" (comida ÓPTIMA e barata) e seguimos para um dos mais conhecidos, senão o mais conhecido, museu em Haia, a Mauritshuis, literalmente, a casa do Maurício. Esse museu fica perto das casas do Parlamento, que são uns edifícios mesmo ao estilo holandês (não sei se me faço entender) à beira da água. Lindos de se ver, mas não pude evitar questionar-me se os deputados e políticos em geral chegavam ao Parlamento de barco a remos, ou até talvez de gaivota. Lá me explicaram que não, que entravam por terra mas por outro sítio.
Mas pronto, fomos à tal Mauritshuis, onde há principalmente pintura flamenga. Estávamos nós a apreciar um dos auto-retratos de Rembrandt ("Auto-retrato como o Apóstolo Paulo") quando um homem de aspecto filipino pára mesmo ao nosso lado, olha atentamente para o quadro abanando a cabeça, dizendo que não, como quem desaprova de algo, como quem diz "Oh Rembrandt, Rembrandt... O que é que foste fazer desta vez...". Estranho, no mínimo.
Depois da Mauritshuis saímos e o tempo cada vez mais prometia chuva. Comprámos um guarda-chuva e começa imediatamente a chover. Sentámo-nos num parque em baixo do guarda-chuva, com a estação de comboios a 200 metros de nós, e começa a chover com mais e mais força. Decidimos que, se calhar, tomar abrigo na estação não seria pior ideia e fomos andando até lá no que, retrospectivamente, deve ter sido um espectáculo giro de se ver. Ora imaginem: uma rapariga de 1,65 m e um rapaz de 2 m. Se eu segurava o guarda-chuva, ele quase que se tinha de pôr de joelhos; se ele segurava o guarda-chuva, eu apanhava uma molha descomunal. Mas lá conseguimos chegar, nem sei bem como, sãos e salvos à estação. Comprei uns bombons da Leonidas, entrámos no comboio e fomos para casa.
Jantámos e a seguir fomos comer um gelado de bicicleta. Arranjar uma para mim também foi engraçada, porque até a bicicleta que pertencia ao rapaz quando ele tinha 14 anos era grande demais para mim. De maneira que tive que ir numa dobrável e meia manhosa, mas que era a única na qual eu cabia decentemente. Depois do gelado, voltámos para casa e ficámos o resto da tarde e um pouco da noite a aparvalhar e a ver "Weeds", enquanto comentávamos que comprar chupa-chupas de erva não seria uma má ideia (para aqueles que não sabem, na série Weeds há uma personagem chamada Doug que tem chupa-chupas de erva). Depois, ala que se faz tarde e que amanhã há que levantar cedo para ir para Amesterdão. Parece que vou contar esse dia noutro dia!
Peace out!